O CONFRONTO COM O CIENTIFICISMO

Pastor Apologista Dr. Esdras Cabral de Melo


Antes de qualquer tentativa de esboçarmos a temática desse assunto com o título: O Jovem Cristão e o Confronto com o Cientificismo. Analisaremos uma pesquisa preocupante sobre a pessoa de Deus, que sem dúvida sempre foi um tema delicado a ser estudado debatido e talvez nunca compreendido ou aceito pela grande maioria dos pensadores da história da humanidade. A pesquisa tinha por tema: Será que Deus Existe?

            ‘‘Muita gente sempre teve curiosidade em saber qual a opinião dos cientistas sobre a existência de Deus. Em 1914, fizeram uma pesquisa, repetiram em 1933 e voltaram a pesquisar em 1998. Os cientistas foram escolhidos por amostragem. Em todas as pesquisas as mesmas perguntas foram feitas. Só foram aceitas respostas sim ou não e o nome do pesquisado mantido no anonimato. Primeira: Você acredita num Deus em comunicação intelectual e efetiva com o homem a quem pode clamar na expectativa de receber uma resposta? Segunda: Acredita que exista vida após a morte biológica, isto é, acredita na imortalidade? Em 1914, 40% responderam sim à primeira pergunta e não a Segunda. Nas pesquisas mais recentes, os números se mantiveram em torno de 40% para a primeira e para a segunda. Houve um pequeno acréscimo dos que acreditam na imortalidade. Numa pesquisa mais recente ainda, feita só com a elite dos cientistas americanos, foram entrevistados 1.800. Nesse universo o resultado foi diferente: entre 90% e 95% não acreditam na existência de Deus. Um resultado que contraria o pensamento da grande maioria da população americana, que acredita em Deus. (Jornal do Comércio/ 2006)  

Esta pesquisa trouxe pelo menos duas preocupações no campo da teologia cristã: A primeira delas foi o crescimento vertiginoso do ateísmo acadêmico nas últimas cinco décadas do século XX. Isso implica em dizer que as produções das pesquisas científicas vem intitulando cada vez mais nas suas entrelinhas a ineficácia de Deus como necessidade para essa sociedade do tecnicismo e cientificismo chegando à conclusão taxativa de que Deus de fato não existe, não passando de um mero produto de consumo da projeção da mente humana.

            A preocupação não se limita apenas às produções de pesquisas científicas, mas também ao campo do academicismo, centenas de faculdades e universidades do mundo, especialmente da Europa e da América, mantém um quadro de Docência do Ensino Universitário ateísta, materialista, agnóstico, evolucionista etc. Evidentemente que isso tem um peso considerável na transmissão do ensino para os alunos, onde a maioria recebe a influência direta dessas correntes. Em meio a toda essa disseminação do conhecimento ateísta, está uma parcela dos alunos ‘‘cristãos’’ que nem sempre se importam em defender a sua fé, e que não vale a pena fazer isso numa universidade por não achar conveniente. Para os que pensam assim, vale a pena assistir ao filme ‘‘God’s Not Dead’’ (Deus Não está Morto). Um filme de drama da indústria cinematográfica cristã de 2014. Revela a postura do jovem aluno cristão na aula de filosofia, quanto o professor pede para que todos admitam que Deus está morto. Vale a pena conferir.  

            A segunda preocupação que pontuamos nesta pesquisa, é que milhares de cristãos espalhados pelo mundo, acadêmicos ou não, se contentam em apenas ‘‘acreditar’’, simplesmente pela crendice de um fideísmo. Mas o que vem a ser fideísmo?

                                    Doutrina religiosa que prega que as verdades metafísicas, morais e religiosas, como a existência de Deus, a justiça divina após a morte e a imortalidade, são inalcançáveis através da razão, e só serão compreendidas por intermédio da fé.

Os fideístas procuram se esquivar de qualquer tipo de argumentação para que possam apoiar sua fé em Deus sem qualquer tipo de racionalização. Porém, esta corrente teológica é flagrada em aparente contradição quando utiliza a própria razão para expor sua doutrina e depois negar seu emprego em questões de fé.

            ‘‘A fé é racional, senão não é fé, é fideísmo’’. Essa belíssima definição é de Rodrigo Pereira da Silva. Dr. em Teologia Bíblica e tem pós-doutorado em arqueologia bíblica pela Andrews University (EUA). Agora compare essa definição com o texto bíblico. ‘‘Antes, santificai ao SENHOR Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós...’’ (1. Pe. 3.15).

            A maioria dos cristãos simplesmente acreditam em Deus. Porém sustentam essa fé, desprovidos de senso crítico, argumentação e base   ainda que seja teológica. Apologética nesse caso, faz uma diferença considerável, pois a mesma não se contenta com o simplesmente acreditar, mas que é preciso expor a razão dessa fé, com uma argumentação conivente aos que procuram entender o que, pra que e por que cremos.

            O fideísmo, ‘‘fé cega’’ ainda é uma nódoa na vida de muitos dos que se dizem cristãos, na igreja e fora dela carecendo de argumentação que validem o que crêem. Neste caso o fideísmo é o responsável direto pelo ‘‘Conformismo’’, que simplesmente aceitam os elementos da fé cristã sem passar pelo crivo da avaliação crítica. Deus não precisa de conformistas que simplesmente creia nele por uma fé não inspecionada. Vejamos essa declaração Paulina sobre nossa capacidade de ir além do simplesmente acreditar.

            ‘‘Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis’’ (Rm. 1.20).


Textos extraídos do livro:
Apologética: a defesa da fé na era do conformismo
Editora: Palavra de Vida

Autor: Esdras Cabral de Melo

  • Doutor em Psicanálise Aplicada na Educação e Saúde
  • Mestre em Teologia
  • Pós-graduado em Antropologia UFPE
  • Pós-graduado em Metodologia do Ensino Superior UFRPE
  • Pós-graduado em História das Artes e das Religiões UFRPE
  • Pós-graduado em Ensino de História UFRPE
  • Graduado em História
  • Graduado em Teologia


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